quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Fake News - Bem antes do que imaginavamos

Nas décadas de 1990 e 2000, as tendencias fluíam do Oeste para o Leste, no transplante de modelos econômicos e políticos, na difusão da língua inglesa e na ampliação da União Europeia e da OTAN (Organização do Tratado do Atlantico Norte). Espaços desregulados do capitalismo norte-americano e europeu convidavam os russos ricos para um reino que não levava em conta a divisão geográfica entre Oriente e Ocidente – o que importava eram as polpudas contas bancárias offshore, das empresas de fachada e das negociatas anônimas, onde a riqueza roubada do povo russo era lavada. À medida que a exceção das obscuras transações offshore se tornavam regra e a ficção política da Rússia alcançava penetração fora das suas fronteiras.

Em As guerras de Peloponeso, Tucídides definiu “oligarquia” como o domínio de poucos, opondo-a à “democracia”. Para Tucídides, “oligarquia” significava um governo de poucos e ricos; a palavra nesse sentido ganhou vida novamente na língua russa nos anos 1990, e em seguida, com boas razões, na língua inglesa nos anos 2010.

Conceitos e práticas passavam do Leste para Oeste. Exemplo disso é a palavra “fake” (falsa), como na expressão “Fake News”.

Parece invenção norte-americana, e Donald Trump a reivindica; mas o termo era usado na Rússia e na Ucrânia bem antes de começar a sua carreira nos Estados Unidos. Significava criar um texto fictício que posava como jornalismo, com o duplo objetivo, espalhar confusão a respeito de determinado acontecimento e de desacreditar o jornalismo como um todo. Assim aconteceu também no Brasil. Os partidários da extrema-direita primeiro se incumbiram, eles próprios, de espalhar fake news, depois passaram a alegar que toda notícia que vem da imprensa é falsa, e por fim que só seus espetáculos são reais. A campanha russa para inundar de ficção a esfera pública internacional começou na Ucrânia em 2014 e depois se espalhou pelos Estados Unidos em 2015, onde ajudou a eleger o presidente Donald Trump em 2016. As técnicas eram as mesmas em toda parte, apesar de se tornarem mais sofisticadas com o tempo.

Vamos refletir, pois, isso tudo faz parte da mesma história, a história do nosso momento e das nossas escolhas.



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