Além do discurso supostamente democrático, a convocação para
o 7 de Setembro é marcada pela estratégia de concentrar os atos em Brasília e
São Paulo, uma vez que o Bolsonarismo não tem forças na maioria das Regiões do
Brasil. A orientação aos militantes é promover um ato local apenas se não
houver condições de viajar para os palcos principais.
Bolsonaro anunciou que comparecerá aos atos em Brasília,
pela manhã, e em São Paulo, à tarde. Para satisfazer o desejo de “encher a
Esplanada dos Ministérios e avenida Paulista”, resultando em imagens com
multidões expressivas, caravanas bancadas por alguns empresários Bolsonaristas
sairão de outras cidades e estados.
Para financiar o aluguel de ônibus e pacotes de viagem,
proliferam nas redes sociais chaves Pix de grupos bolsonaristas para
a coleta de doações. Os pacotes anunciados são semelhantes aos turísticos, até
com camiseta e lanche. A maior atração propagandeada é a presença do
presidente.
As bandeiras da manifestação incluem ainda um apanhado
de batalhas ideológicas travadas pelo presidente, como a adoção de
voto impresso, o combate ao comunismo.
A mobilização é um esforço conjunto de grupos como milicianos,
evangélicos, ruralistas, policiais e caminhoneiros. Movimentos sociais,
entidades de classe e líderes desses setores assumiram a tarefa de convocar
apoiadores.
As palavras em público são bem diferentes das que vêm sendo
ditas nos bastidores, como mostrou a gravação do cantor Sérgio
Reis que se tornou conhecida por todos nós. Nela, o artista falava da
preparação de uma greve de caminhoneiros para a semana do 7 de Setembro e fazia
ameaças.
"Se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras
[ministros do STF], nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na
marra", disse Reis, em conversa com um amigo que depois circulou nas redes
sociais.
O cantor e outros nove bolsonaristas identificados como
articuladores acabaram sendo alvos de uma operação da Polícia Federal. Ao
pedir os mandados de busca e apreensão, a PGR (Procuradoria-Geral da República)
disse se tratar da preparação de um levante "com atos criminosos e
violentos de protesto".
A tensão se elevou com a expectativa da participação de
membros das Polícias Militares. O governo João Doria (PSDB-SP) afastou um
coronel da PM que fez convocação para os atos. Doria alertou outros
governadores sobre a chance de apoiadores de Bolsonaro saírem às ruas
armados na ocasião.
Embora as convocações para o 7 de Setembro tenham origem na
mobilização do voto impresso, a questão perdeu força com a derrota do tema
na Câmara dos Deputados. Já os planos expostos por Sérgio
Reis ganharam protagonismo e ainda ecoam nas redes bolsonaristas, apesar
da ação da PF.
A ideia alardeada é que grupos bolsonaristas acampem em
Brasília e caminhoneiros entrem em greve até que um pedido de
impeachment dos ministros do STF seja aprovado pelo Senado.
Mas, apesar da tentativa de movimentos e organizadores de
evitarem que a manifestação seja vista agora como autoritária, bolsonaristas na
ponta reivindicam o resgate de causas que nortearam atos desde 2020, como o
apelo por dissolução do STF e do Congresso e o clamor por intervenção
militar.
Em grupos de aplicativos de mensagens, há desde apoiadores
que endossam o estilo mais light ("Temos que pedir voto impresso aditável
e troca dos membros STF. Isso que o presidente falou") até quem pregue
ações violentas ("Para que isso acabe terá que haver derramamento de
sangue").
"Eu autorizo a exonerar todos os ministros do STF
imediatamente", diz outro. "Limpeza do STF", "STF rompeu a
democracia", "acabar com a Justiça Eleitoral" e "acabar com
o comunismo e os corruptos do país" também são pedidos que animam as
hostes fiéis ao governo.
Há quem pregue ainda a criação de um suposto tribunal
constitucional militar para julgar os membros dos Poderes ou uma revolução que criminalize
o socialismo, liberte bolsonaristas e expurgue ministros do STF e juízes
considerados comunistas, além de tomada das Redações de veículos de imprensa.
O slogan
"eu autorizo" é vendido como uma espécie de senha que os
simpatizantes dão ao mandatário para que ele faça o que for preciso para
"salvar a pátria".
Com esse
slogan os Bolsonaristas querem enganar quem, dizendo que o movimento não é
fascista e antidemocrático.
#EuNãoAutorizo
#ForaFascistas #VivaDemocracia