sexta-feira, 21 de novembro de 2025

O que a Direita faz, a Esquerda não fica sabendo e ainda paga o pato.

As bravatas conservadoras da extrema direita no Brasil, nos remete ao ano de 1964.

Leonid Brêjniev assumi o poder como líder da União Soviética. Sua ascensão ocorreu após a remoção de seu antecessor, Nikita Khrushchev. Brêjniev se revelou o mais importante sucessor de Stálin, porque redefiniu a postura soviética em relação ao tempo, sepultou a política marxista da inevitabilidade e a substituiu pela política soviética da eternidade.

Alguns anos depois, em 1999, Iéltsin estava visivelmente mal de saúde e vivia embriagado, tornando mais urgente o problema da sucessão na Rússia. Eleições se faziam necessárias para substituí-lo, da perspectiva dos oligarcas, o sucessor teria que permitir à família de Iéltsin (tanto no sentido convencional de sua parentela como no sentido russo de oligarcas amigos) continuar viva e preservar sua riqueza. A “Operação Sucessor”, como ficou conhecida, tinha um nome de inteira confiança, seu primeiro-ministro Vladimir Putin. Mas Putin era desconhecido do grande público, portanto um candidato implausível para cargos eletivos nacionais.

Seus índices de aprovação não passavam de 2%. Por isso, era hora de criar uma crise para que ele pudesse transmitir a impressão de ser capaz de resolvê-la. Em setembro de 1999, uma série de bombas explodiu em cidades Russas matando centenas de civis. Não se descartava a hipótese de que os responsáveis fossem agentes do FSB. Na cidade de Riazan, por exemplo, agentes do FSB foram detidos por colegas locais como suspeitos das explosões. Apesar de a possibilidade de terrorismo interno ter sido levantado na época, as questões factuais foram superadas pelo patriotismo virtuoso, quando Putin ordenou uma nova guerra contra a parte da Rússia tida como culpada pelos atentados: A República tchetchena do sudoeste do país, na região do Cáucaso, que declarará Independência em 1993 e travou combates contra o exército russo que acabaram em um impasse. Não havia provas de que os tchetchenos tivessem alguma coisa a ver com as bombas. Graças à segunda guerra da Tchetchênia, o índice de aprovação de Putin chegou a 45% em novembro. Em dezembro, Iéltsin anunciou sua Renúncia e endossou Putin como sucessor. Em consequência da cobertura televisiva desigual da manipulação da contagem de votos e da atmosfera criada pelo terrorismo e pela guerra, Putin obteve a maioria absoluta necessária para ganhar a eleição presidencial de março de 2000.

A tinta que escreve a ficção política é o sangue.

Inaugurou se, dessa maneira, um novo tipo de política, conhecido na época como “democracia gerenciada”, que os russos aprenderiam a dominar e depois exportariam. Quem ficou com o crédito pela tecnologia política da operação sucessor foi Vladislav Surkov, brilhante especialista em relações públicas de origem tchetchena que foi vice chefe da casa civil de Iéltsin. A democracia coreografada em que foi pioneiro, na qual um candidato misterioso usava crises fabricadas para conquistar um poder real, continuou sendo posta em prática com Surkov assumindo uma série de cargos oferecidos por Putin.

Qualquer semelhança com ações recentes da extrema-direita brasileira não é mera coincidência e sim uma tática para desestabilizar o atual governo e assumir o poder.

Assim é a política da eternidade.

Nenhum comentário:

O que a Direita faz, a Esquerda não fica sabendo e ainda paga o pato.

As bravatas conservadoras da extrema direita no Brasil, nos remete ao ano de 1964. Leonid Brêjniev assumi o poder como líder da União Sovi...

OS MELHORES PITACOS