domingo, 17 de março de 2024

Putin "vence" eleição com resultado predeterminado

De maneira previsível, o líder russo Vladimir Putin caminha neste domingo (17/03) para conquistar oficialmente mais um mandato presidencial. No poder desde 1999, Putin, de 71 anos, deve assim oficializar seus planos de permanecer à frente do Kremlin até pelo menos 2030. Caso complete mais esse período, ele se tornará o líder russo mais longevo em 200 anos de história da Rússia, superando até mesmo o ditador soviético Josef Stálin (1924-1953).

De acordo com uma pesquisa boca de urna de um instituto ligado ao regime e resultados parciais da Comissão Eleitoral Central da Rússia, Putin deve exibir uma votação próxima de 88% na eleição presidencial, que ocorreu entre sexta-feira e este domingo. A taxa de comparecimento às urnas teria superado 74% dos eleitores, segundo as autoridades.

O resultado favorável a Putin já era previsto. Restava saber qual seria a porcentagem de votos que o Kremlin pretendia exibir.

Isso ocorreu num pleito que barrou figuras claramente oposicionistas, como o político liberal Boris Nadezhdin, que foi impedido de concorrer pelos tribunais russos, incluindo a Suprema Corte, após recurso. Outras oposicionistas permanecem presos, no exílio ou, como no caso do dissidente Alexei Navalny, sofreram mortes suspeitas. Não havia na prática candidatos que pudessem, de fato, representar um desafio significativo a Putin, cujo regime modificou sucessivas vezes a legislação russa para continuar a concorrer. A imprensa critica ao regime também foi sufocada nos últimos anos.

Apenas candidatos alinhados com o Kremlin ou que aceitaram disputar o pleito sem criticar o regime não tiveram suas candidaturas barradas. Caso confirmado, o resultado desse pleito deve marcar mais um recorde para o regime, superando os 76,7% de votos que Putin exibiu na eleição de 2018.

Pelos números iniciais, os três outros candidatos dóceis ao regime que foram autorizados a participar do pleito não superaram a marca de 5%. O comunista Nikolai Kharitonov aparecia com 4,7%, o liberal Vladislav Davankov, com 3,6% e o ultranacionalista Leonid Sluski, com 2,5%.

O regime ainda tomou medidas para forçar a participação e tentar passar uma imagem de forte apoio popular ao pleito. Nos primeiros dois dias de votação, milhares de funcionários do setor público, estudantes e trabalhadores de empresas estatais foram orientados a votar. A participação foi monitorada – funcionários públicos, por exemplo, foram obrigados a comprovar terem votado, segundo o site Politico. Em algumas regiões, esperava-se até que trouxessem familiares e partilhassem a sua geolocalização com os supervisores. A oposição ainda acusou o governo fazer uso pesado da máquina pública para garantir que a vitória de Putin ocorresse sem surpresas.

A Rússia tem mais de 114 milhões de eleitores inscritos, que também incluem eleitores de quatro territórios ucranianos ocupados e anexados ilegalmente pelo Kremlin.

Após o anúncio dos primeiros resultados pelo regime, Putin disse que sua "vitória" nas eleições permitirá que a Rússia se torne mais forte. "Não importa o quanto eles tentem nos assustar, suprimir nossa vontade, nossa consciência, ninguém jamais teve sucesso na história. Eles falharam agora e falharão no futuro."

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