INTERVENÇÃO DO PRESIDENTE NO MINISTÉRIO DA DEFESA E NOS COMANDOS DAS FORÇAS ARMADAS NA TENTATIVA DE USÁ-LAS PARA SE FORTALECER POLITICAMENTE PROVOCOU EFEITOS ADVERSOS: ELAS SE UNIRAM AINDA MAIS; HOUVE MAIS UM PEDIDO DE IMPEACHMENT; E CRUZ SE CONSOLIDOU COMO LIDERANÇA MILITAR CONTRA BOLSONARO.
Os efeitos contrários ao presidente ocorreram em meio a guerra contra a pandemia do Covid-19, sendo que, desde o início dela, vem perdendo credibilidade interna e externa, a exemplo do que ocorreu com seu então líder político e presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Este negou a pandemia, reagiu contra a ciência (uso de máscara, isolamento social etc.) e perdeu a eleição para Joe Biden que, em pouco tempo na Presidência, tirou o país da liderança macabra de média diária de mortes e a reduziu para 989. Em contrapartida, sob comando do capitão Bolsonaro, a media diária de mortes no Brasil é de 2.634 no gráfico comparativo entre países e ontem (31/03/21) ela já havia subido para 2.728 no outro gráfico acima.
CRUZ ELEVA SUAS CRÍTICAS A BOLSONARO APÓS TROCAS DE MINISTRO DA DEFESA E COMANDANTES
Hoje, em entrevistas sucessivas a vários veículos de comunicação, o general da reserva Cruz qualificou Bolsonaro de "aventureiro", após decisão do capitão presidente de exonerar o ministro Fernando Azevedo Silva e, em seguida, os comandantes das 3 Forças Armadas, depois que soube do apoio deles ao seu superior e da intenção conjunta deles de entregar seus cargos.
Os fatos são graves e inéditos. Tanto que líderes de vários partidos na Câmara protocolaram novo pedido impeachment de Bolsonaro que se somou aos cerca de 60 já existentes e aumenta o risco de um deles ser usado pelo presidente dela, Arthur Lira. Isso após este ter acionado cartão "amarelo" contra o "amigo" e chefe do Executivo, embora Bolsonaro o tenha aberto ainda mais ao Centrão, do qual o deputado citado é um dos líderes.
Cruz disse, em uma de suas entrevistas, que "não é qualquer aventureiro que vai subverter a hierarquia militar" e acrescentou que Bolsonaro havia dado um "tiro no pé", a exemplo do que comentou ontem o também general da reserva Paulo Chagas.
Mas Cruz foi além: "as Forças Armadas tem cultura que nada tem a ver com a conduta do presidente, apesar dele ostentar o título de capitão. Ele tem um pensamento de politização das Forças e de falta de respeito que elas não têm. Assim, não é fácil quebrar a postura institucional, baseada na hierarquia, na disciplina e na liderança. São fatos que o presidente não entendeu ou não tem capacidade de entender".
CRUZ ESCLARECE OBJETIVOS E NÃO DESCARTA A POSSIBILIDADE DE EVENTUAL CANDIDATURA
Os objetivos atuais do general Cruz são: "afastar as Forças Armadas da política e alertar para o risco do radicalismo".
Indagado sobre a possibilidade de se candidatar a algum cargo eletivo, disse que "essa decisão não ocupa minha cabeça agora, mas não a descarto".
E, em seguida, acrescentou: "não quero me filiar a partido porque assim tenho mais liberdade. Se eu me filiar, faria isso aos 44 minutos do segundo tempo".
Enquanto isso, repercutia a divulgação dos novos comandantes das três Forças, entre elas o Exército (general Paulo Sérgio Nogueira, na foto abaixo e quinto na lista de antiguidade da Força) e a nota oficial do Ministério da Defesa comemorativa do aniversário do golpe militar de 1964, com base em exigência de Bolsonaro.
Nela o único trecho útil e verdadeiro é o seguinte:
"a Marinha, o Exército e Força Aérea acompanham as mudanças conscientes de suas missões constitucionais de defender a Pátria, garantir os Poderes e segura de que a harmonia entre eles preservarão a paz e a estabilidade do País".
Ou seja, tudo que Bolsonaro vem tentado destruir com menos ou mais sucesso porque as gravidade e dimensão da pandemia, para as quais ele contribuiu comprovadamente, estão destruindo a estabilidade e a paz do Brasil.
Texto Cesar Francisco Alves
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